Entrevistamos Mário Vasconcelos, gestor de diversas empresas em Portugal, Brasil e Angola, membro da Associação Portuguesa de Genealogia e da Asociación Academia de Genealogia, Heráldica y Nobiliaria de Galiciaz.

 

 

(Archivoz) Quando é que se começou a interessar pelos estudos genealógicos?

(Mário Vasconcelos) Muito embora o gosto pela genealogia me venha da adolescência, só depois de reformado é que tive oportunidade, tempo e coragem para me dedicar aos estudos genealógicos

(Archivoz) Certamente que o acesso às fontes era deveras diferente daquele que temos hoje em dia. Como era entrar num arquivo e pesquisar?

(Mário Vasconcelos) Nem sempre era fácil. Os arquivos não estavam tão acessíveis, exigia-se muito tempo e paciência. Não existiam índices nem listagens. Dependia-se muito da boa vontade e disponibilidade dos funcionários dos arquivos. Muita documentação não estava registada nem indexada. Mas o prazer de entrar num arquivo histórico sempre me fascinou. Era quase uma aventura cheia de expectativas.

(Archivoz) Na atualidade parece haver um novo interesse na genealogia. No seu entender, a que se deve este revivalismo?

(Mário Vasconcelos) São várias as razões. Primeiro o número de jovens com formação universitária cresceu de forma exponencial o que trouxe muita gente nova para esta atividade. Depois a curiosidade por conhecermos o nosso passado, a nossa história pessoal e a de outros indivíduos. Muitos jovens historiadores recém licenciados escolheram este ramo da ciência histórica para desenvolver os seus estudos. Também os pedidos de dupla nacionalidade que se registaram nos últimos anos aumentaram as pesquisas. .

(Archivoz) Como qualquer pesquisa documental uma pesquisa genealógica é morosa e tem os seus percalços. Pode-nos desvendar um pouco do processo?

(Mário Vasconcelos) Na verdade não chega a curiosidade e a vontade. É preciso muito tempo, muita paciência, conhecimento e experiência. A pesquisa de fontes primárias está hoje muito facilitada mas nem sempre é de fácil acesso, A leitura dos documentos pode ser um problema sério porque a escrita “antiga” é muito complexa. São precisos conhecimentos de paleografia e diplomática, de linguística, de geografia, de corografia, de história e de legislação antiga para se entrar num mundo que já não é o que vivemos hoje. Alguns livros desapareceram, outros estão ilegíveis, outros muito danificados sendo impossível consultá-los.

(Archivoz) Nos últimos anos tem publicado algumas genealogias e manuscritos genealógicos. Qual tem sido a receptividade a estas publicações? A nível de arquivos, por exemplo.

(Mário Vasconcelos) Os livros que publiquei ou transcrevi ou escrevi não são livros para o grande público. Por isso as tiragens são sempre muito pequenas e a sua divulgação restringe-se aos meios especializados. Os arquivos oficiais e as bibliotecas (quer públicas quer universitárias9 não compram estes livros. Esperam sempre pelas ofertas dos autores. E depois não os divulgam. As editoras não olham para este tipo de publicações porque não dão lucro e as livrarias não investem nestes livros.

(Archivoz) O seu último trabalho é a genealogia do grande poeta português Eugénio de Andrade ou José Fontinhas. Pode-nos contar um pouco como desenvolveu este projeto?

(Mário Vasconcelos) Desde cedo que os estudos eugenianos me interessam e a poesia deste escritor têm tido um grande peso na minha formação pessoal. A Genealogia do poeta Eugénio de Andrade/José Fontinhas que está no prelo e será distribuída na primeira semana de dezembro surgiu de este ser o ano do centenário do seu nascimento e da sugestão de um amigo que tem dedicado a este poeta muito do seu tempo. Para fazer a árvore de costados que já foi publicada tive de fazer muita pesquisa tendo reunido informação que justifica a sua publicação.

(Archivoz) Para finalizar, considera que os arquivos têm feito uma boa difusão dos seus registos paroquiais ou ainda falta algo?

(Mário Vasconcelos) , estando na origem de muito trabalho de pesquisa individual, com o sem apoio destas e de outras instituições. Mas estas entidades, juntamente com as universidades, deviam apoiar e estimular a produção de mais investigação e de publicações especializadas. Existe muita documentação que poderia ser publicada (desde a transcrição de genealogias manuscritas e de muitos outros documentos, com as respectivas introduções e prefácios ou estudos especializados). Muitos pesquisadores têm livros prontos (ou quase prontos) para publicação mas não dispõem de meios financeiros para avançar. E não é necessário muito dinheiro para o fazer!

Em nome da equipa da revista Archivoz o nosso muito obrigado pela sua colaboração.

Entrevistado:

Mário Vasconcelos,

Mário Vasconcelos,

Gestor de diversas empresas em Portugal, Brasil e Angola, membro da Associação Portuguesa de Genealogia e da Asociación Academia de Genealogia, Heráldica y Nobiliaria de Galiciaz.

Entrevistador:

Alexandra María Silva Vidal

Alexandra María Silva Vidal

Editor de conteúdo

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