(Archivoz) A evolução dos profissionais da informação em Portugal, particularmente para os licenciados em Ciências e Tecnologias da Documentação e Informação (CTDI) do ISCAP, tem refletido as tendências internacionais e nacionais nas áreas da gestão da informação, tecnologias e comunicação.
(Milena Carvalho) Sim, concordo com essa afirmação. Nesse sentido, começo por referir, que a licenciatura em Ciências e Tecnologias da Documentação e Informação (LCTDI) foi criada em 2001/2002 na extinta Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão Unidade Orgânica (UO) do Instituto Politécnico do Porto (IPP), sendo a primeira e única licenciatura em Ciência da Informação no Ensino Superior Politécnico em Portugal. Desde o ano letivo de 2016/2017, é ministrada no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), uma Unidade Orgânica (UO) do Instituto Politécnico do Porto (IPP), em regime diurno. O atual plano de estudos foi publicado em DR – II Série nº 225, de 22 de novembro de 2017, Despacho n.º 10153/2017 e forma profissionais qualificados para as áreas da Gestão da Informação, Biblioteconomia, Arquivo e Documentação. Proporciona o desenvolvimento de competências técnicas especializadas na gestão sistémica da informação em qualquer tipo de suporte, nos mais diversos setores de atividade, incluindo a criação, pesquisa, avaliação e seleção de informação de qualidade e a sua organização, tornando-a acessível e utilizável pelos colaboradores e clientes das organizações. Prepara técnicos especializados capazes de acompanhar e usar as inovações tecnológicas adequadas à gestão dos recursos informacionais de qualquer tipo de organização. Forma profissionais orientados para o trabalho em equipa e para a mobilidade profissional, capazes de investir numa formação contínua especializada e numa cultura técnica, científica e humanista aberta à internacionalização.
De referir ainda que a licenciatura obteve a sua acreditação pela Agência Nacional A3ES no ano de 2014 e por um período de 6 anos (n.º processo ACEF/1314/05722, tendo sido novamente acreditada por igual período de 6 anos (n.º do Processo: ACEF/1920/0305722).
No que diz respeito à estrutura curricular a LCTDI, funciona em regime laboral/diurno (com 25 vagas). Este Ciclo de Estudos (CE) enquadra-se na área CNAEF 322 – Biblioteconomia, Arquivo e Documentação, sendo esta a área científica predominante, não obstante a presença de outras áreas científicas neste ciclo de estudos como: Ciência da Informação; Informática; Ciências Sociais e Humanas; Matemática; Engenharia Industrial e de Produção; Direito; Gestão; Recursos Humanos e Sistemas de Informação. Esta base multidisciplinar assume-se como fundamental e determinante para preparar e formar profissionais e técnicos com competências nos diferentes contextos organizacionais, os quais, atualmente, são determinados e influenciados pela constante alteração do enquadramento económico, legal, político-social, tanto nacional como internacional.
A estrutura curricular do curso prepara os estudantes para enfrentar os desafios modernos e as exigências do mercado de trabalho. (Plano de Curso pode ser consultado no site do ISCAP: https://www.iscap.ipp.pt/cursos/licenciatura/808).
Assim, damos alguns exemplos que têm contribuído para essa evolução e para a preparação dos profissionais da informação:
1º Ano – A unidade curricular( UC) de Gestão de Serviços de Informação, introduz os estudantes à administração de serviços de informação, salientando a importância da gestão eficiente de recursos e serviços; a UC de Introdução à Algoritmia, proporciona uma base sólida em lógica e programação, consideradas habilidades essenciais para a gestão de sistemas de informação e automação de processos; a UC de Introdução à Ciência da Informação, aborda os fundamentos teóricos e práticos da ciência da informação, considerada crucial para qualquer profissional da área. A UC de Processos de Recolha da Informação, ensina os métodos de recolha de dados, orientando os alunos para a pesquisa e análise de informações; a UC de Tecnologias de Comunicação e Informação, enfatiza as tecnologias emergentes e as suas aplicações na comunicação e na gestão da informação.
No 2º Ano, a UC de Análise e Representação da Informação, ensina técnicas de organização e descrição da informação, essenciais para bibliotecários e arquivistas e outros profissionais; a UC de Bases de Dados, proporciona conhecimentos na criação, gestão e manutenção de bases de dados, habilidades cruciais para os gestores de informação e de sistemas; a UC de Gestão de Processos e Recursos Informacionais, aborda a administração de processos informacionais e a otimização de recursos, essencial para a eficiência organizacional. A UC de Modelação de Sistemas de Informação, ensina a projetar e implementar sistemas de informação, preparando os estudantes para funções de gestão de sistemas. A UC de Bibliotecas e Arquivos Digitais: Foca-se na digitalização e gestão de coleções digitais, refletindo a tendência crescente da digitalização de acervos.
No 3º Ano, a UC de Aplicações Informáticas, proporciona competências práticas no uso de software específico para a gestão da informação; a UC de Interoperabilidade de Sistemas, ensina a integrar diferentes sistemas de informação, considerada uma competência crucial em ambientes complexos; a UC de Projeto de Gestão da Informação, permite aplicar conhecimentos teóricos de gestão da informação ( organização, classificação, avaliação e difusão) em projetos práticos, preparando os alunos para o mercado de trabalho; a UC de Recuperação da Informação, ensina técnicas de pesquisa e recuperação de dados, importantes para os peritos em pesquisa da informação.
A UC de Seminário de Projeto Final/Estágio; oferece a experiência prática e a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos num contexto profissional. Este corresponde a 192h e são realizados em Empresas, Bibliotecas, Arquivos, com temas muito diversificados. Apresentam-se alguns exemplos das instituições de acolhimento dos estudantes: Junta de Freguesia de Vila do Conde – Rota do Pescador; Escola Superior de Educação – P.Porto; Triumphantwin Software Unipessoal (TAW); Câmara Municipal de Matosinhos (CMM) – Gabinete de Informação Estratégica (GIE); Faculdade de Desporto da Universidade do Porto; Águas de Portugal; RTP Norte; NOS; P.Porto- RECIPP; Mota-Engil; Fundação Cupertino de Miranda; Empresa Last2Ticket sediada na UPTEC; Sensormatic Solutions; BIGoutdoors; TAW Software; GNS Building Solutions ; Inventore – oficina de software; Biblioteca Pública Municipal do Porto; bwd – Digital Transformation; Tribunal da Comarca do Porto; Critical Software; Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner; Symington Family Archives – Vinhos, SA: EAPN; SPdH, S.A – Serviços Portugueses de Handling, S.A (Groundforce) – EGE; Market Access – Experts in International Business; Humanitates – Gabinete de Estudos Culturais, Lda; Hospital de Guimarães – Biblioteca; Secretaria Geral do Ministério da Saúde; Câmara Municipal de Espinho – Arquivo Municipal; Município de Carrazeda de Ansiães – Biblioteca Municipal; Biblioteca Municipal de Valongo; Biblioteca Municipal de Penafiel; Centro de Estudos Organizacionais e Sociais (CEOS.PP); Câmara Municipal do Porto, Paços de Ferreira, Paredes, entre outros.
De referir ainda, que também são realizados estágios internacionais, curriculares e extra curriculares no âmbito do Programa Erasmus +, por exemplo em Cabo Verde, na Ilha de Santiago, na Universidade de Mindelo, no ano letivo de 2021-2022, os estudantes desenvolveram um projeto de gestão da informação, salientando-se a organização, tratamento técnico, salvaguarda e divulgação do fundo bibliográfico e arquivístico com a criação de um repositório digital da Biblioteca do Doutor Onésimo Silveira (1935-2021), e o consequente desenvolvimento de um site acessível: (https://aos.um.edu.cv/s/bib-os/page/welcome). Onésimo Silveira além de académico, tornou-se o primeiro presidente eleito da Câmara Municipal de São Vicente, foi um defensor apaixonado da cultura cabo-verdiana e um pioneiro na preservação da sua história e tradições. O fundo bibliográfico resultante do seu acervo pessoal e arquivístico, considerado património informacional identitário da Sociedade Cabo-Verdiana compreende aproximadamente 15mil livros, 20 metros lineares de documentação de natureza pessoal e profissional e material não livro. É assim um tesouro de documentos, manuscritos, fotografias e artefactos que oferecem uma janela única para a rica herança cultural de Cabo Verde. Este acervo não apenas preserva o passado, mas também fornece um recurso vital para estudiosos, pesquisadores e todos os interessados na história e cultura do arquipélago.
Estes estágios tiveram continuidade no ano letivo 2022-2023, sendo inclusive aumentado o número de estagiários da LCTDI, para dar resposta também a novas colaborações no âmbito de outros projetos, como por exemplo a organização e tratamento da documentação dos Departamentos Financeiro da Universidade de Mindelo bem como a Réplica do modelo do projeto da Rota do Pescador / Conservação e Divulgação do Património Informacional dos Pescadores e da cultura da Ilha de São Vicente. Foi ainda realizado o projeto “A recolha das tradições Carnavalescas e o estudo do seu impacto cultural e social na cidade de Mindelo”. De referir que este projeto terá continuidade no ano letivo de 2023-2024 também com estudantes da LCTDI.
Salienta-se ainda os estágios realizados na Šiauliai State University of Applied Sciences. Lithuania, com os seguintes projetos: “Internationalization of Rūta products using a smartphone application; Creation of a protoptype app for the Rūta’s Chocolate Museum – Šiauliai, Lithuania”.
Neste âmbito destacamos a criação do Double Degree – entre a LCTDI e a licenciatura em Information Management com a Šiauliai State University of Applied Sciences, Lituânia, que tem permitido a mobilidade de estudantes com o objetivo da aquisição de uma dupla licenciatura.
No que respeita a outras atividades, as mais relevantes a mencionar são:
- – A organização dos Encontros da LCTDI. Em dezembro de 2024, vai-se realizar o XVIII Encontro. (Informação acessível: https://encctdi.iscap.ipp.pt/current/).
- – Em 2021 a LCTDI foi a organizadora da Conferência Internacional BOBCATSSS2021/ISCAP-Porto e no ano de 2025 vai ser a organizadora da Conferência EDICIC Ibérico.
- – Organização de Visita de estudos e organização de palestras com os profissionais da área; organização de aulas, seminários de docentes no âmbito do Programa ERASMUS+ de outros países, neste contexto a LCTDI tem 20 parcerias com países europeus e 2 nos países da CPLP.
- – Organização (em todas as edições do ciclo de estudos da Sessão de Boas Vindas e Integração dos estudantes do 1º ano no Ciclo de Estudos e que incluí: apresentação dos serviços do ISCAP; testemunhos de diplomados de CTDI com a apresentação dos projetos de estágio desenvolvidos e por diplomados de CTDI integrados na vida profissional; testemunhos Erasmus; atividade lúdico-didática e facilitadora da integração dos novos estudantes na comunidade CTDI e ISCAP
- – Participação dos docentes da LCTDI em várias e diversas conferências da área da Ciência da Informação e da Educação, como por exemplo: BAD; Jornadas da Ciência da Informação; EBLIDA; ISKO; BOBCATSSS; Encuentro Latino americano de Bibliotecarios, Archivistas y Museólogos; Workshop on Scientific Archives; EDICIC; IFLA; ICA; EDULEARN; ICOTTS; ICITED, entre outras.
Destacam-se ainda alguns Projetos/Grupos de trabalho nacionais e internacionais que estão a decorrer:
- – Projeto GIPMEI – Gestão da Informação nas PME Industriais das Regiões Norte e Centro de Portugal. Projeto de colaboração entre o Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM) da Universidade do Porto, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda – Universidade de Aveiro, Instituto Superior de Contabilidade do Porto – P. Porto. No dia 29.05.24, realiza-se uma Conferência com o objetivo de apresentação deste projeto que retrata as práticas de gestão da Informação e da adoção do digital pelas PME industriais das Regiões Norte e Centro (RNeC) de Portugal consubstanciado em livro impresso, e-book e guia prático com recomendações, a serem distribuídos oportunamente. Destacam-se como conclusões a importância da construção de uma estrutura de tecnologia da informação capaz de suportar o processamento, armazenamento e organização da informação, a necessidade de promover a qualidade da segurança da informação e o incremento de uma cultura organizacional orientada à informação e à sustentabilidade, capacitando as suas pessoas a lidarem eficazmente com a informação porque o verdadeiro valor da informação reside na sua utilização e no conhecimento e estratégias que podem ser fomentadas a partir dela. O evento é pensado num cenário que considera a importância do setor industrial para o país, a posição estratégica das RNeC para a economia portuguesa, e o alinhamento das discussões e resultados obtidos às diretrizes internacionais trazidas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e o Fórum Económico Mundial sobre a necessidade de as PME, independentemente da sua dimensão, localização ou setor de atuação, gerirem a sua informação.
- – Impacto de las bibliotecas universitarias en la consecución de los objetivos de investigación e internacionalización de las universidades.
- – New International Survey Copyright Literacy Survey of LIS (Library and Information Science) Students (CoLIS). URL: http://inlitas.org/colis-team/
- – Data Literacy and Research Data Management Research (2016- ), projeto de investigação que atualmente envolven investigadores de 19 países. http://inlitas.org/participating-countries/;
- – Academic Reading Format International Study (2014- ), projeto de investigação que envolve investigadores de 34 países. URL: http://arfis.co/countries/
- – Projeto Europeu UP2U (UP to University) no ISEP: O objetivo passa por aumentar o ingresso no Ensino Superior e reduzir o abandono escolar, adaptando as tecnologias e metodologias de ensino às necessidades educativas do Século XXI”, https://up2university.eu/ /;
Relativamente às saídas profissionais os licenciados em CTDI do ISCAP estão preparados para uma variedade de funções, incluindo: os Gestores de Informação, administrando sistemas de informação e garantindo a integridade e acessibilidade dos dados; Gestores de Processos Documentais, com a função de otimizarem processos de gestão documental em diversas organizações; Gestores de Repositórios Institucionais, na Supervisão e na manutenção e acessibilidade de repositórios digitais; Gestores de Conteúdos Digitais que implica a criação e a gestão dos conteúdos para as plataformas online; Bibliotecários e Arquivistas, exercendo funções em diversas instituições, gerindo as coleções físicas e digitais; (Universidades, Escolas, Municípios, Museus, Fundações, etc.); Arquivista (Hospitais, Tribunais, Bancos, Audiovisuais, Empresas etc.); Documentalista especializado em diversas áreas (Jurídica, Económico-Financeira, Saúde, Cultural, etc); Consultores de Gestão da Informação, com objetivo de consultoria nas organizações sobre as melhores práticas na gestão da informação em
De referir que a taxa de empregabilidade do ciclo de estudos revela que a percentagem de Diplomados Curso/ISCAP desempregados tem vindo a descer de forma sustentada, já que em 2020 era de 14,9%, em 2021 era de 8,2% e em 2022 ficou-se pelos 5,6%. O mesmo se passa com a percentagem de Diplomados Curso/Ens. Sup. Público desempregados que, nos mesmos anos, apresentam uma diminuição constante: 6,1%, 4,3% e 3,5%. Naturalmente que os valores são ainda mais reduzidos quando observamos a percentagem de Diplomados Nacional/Ens. Sup. Público desempregados, a saber, 4,6% no ano de 2020, 4,0% em 2021 e 3,1% no ano de 2022. Conclui-se que o ciclo de estudos apresenta uma elevada taxa de empregabilidade, de 96,9% relativamente ao universo de desempregados do ensino superior público, tendo melhorado este indicador nos últimos anos pois em 2020 situava-se nos 95,4% e em 2021 nos 96%.
Neste sentido, consideramos que a formação oferecida pelo curso de Licenciatura em CTDI do ISCAP proporciona uma preparação abrangente e atualizada, refletindo as necessidades do mercado de trabalho moderno e as tendências tecnológicas. Os profissionais formados são capazes de se adaptarem a diversas funções na área da gestão de informação, contribuindo para a eficiência e inovação nas organizações onde atuam.
Salienta-se ainda, que os diplomados da LCTDI poderão prosseguir os seus estudos no Mestrado em informação Empresarial (MIE), também ministrado no ISCAP. O MIE apresenta-se como uma formação inovadora nas áreas da Ciência da Informação e dos Sistemas de Informação, em Portugal, formando diplomados com sólida formação e competências para a análise, recuperação, organização e visualização de dados e de informação, e para a análise de sistemas de informação e de processos organizacionais. Com esta formação pretende-se preparar profissionais capazes de fazer face às necessidades informacionais das organizações, num contexto do rápido desenvolvimento da sociedade de informação e do conhecimento. No que respeita às saídas profissionais, este corresponde ao exercício de funções de nível 4 correspondentes ao perfil do Perito de Informação e Documentação (Euro-Referencial I-D) Analista de Informação Consultor de Informação Gestor de Documentos /Gestor Documental Gestor de Informação (informação acessível https://www.iscap.ipp.pt/cursos/mestrado/589).
Conscientes dos desafios profissionais constantes e da inevitável especialização para atuar em determinados contextos profissionais, no âmbito da Ciência da Informação, no ISCAP, foram ainda criados os seguintes cursos de Especialização:
A Pós- Graduação em Gestão de Documentação de Saúde, (informação acessível: https://www.pea.iscap.ipp.pt/programas/pos-graduacoes-executivas-1/ciencia-da-informacao-informacao-e-documentacao/gestao-da-documentacao-da-saude). A criação deste curso deveu-se à constatação da inexistência de cursos direcionados para a Gestão da Informação em Saúde, a par com a existência isolada e fragmentada de formações profissionais disponibilizadas pela Associação Portuguesa de Documentação e Informação de Saúde (APDIS) e pela Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (APBAD) que tornam esta realidade numa oportunidade para a formação de técnicos com competências ao nível dos cursos superiores na área da gestão de informação, quer nos circuitos clínicos, quer administrativo-legais.
A Pós-Graduação em Gestão de Centros de Recursos Educativos na Era Digital, (informação acessível: https://www.pea.iscap.ipp.pt/programas/pos-graduacoes-executivas-1/ciencia-da-informacao-informacao-e-documentacao/gestao-de-centros-de-recursos-educativos-na-era-digital). Enquadra-se numa área de formação convergente no que concerne à gestão de organizações informacionais de natureza educacional, pois adota uma abordagem holística da Ciência da Informação e da Educação. A interação destas duas áreas, completadas pelas Tecnologias da Informação e Comunicação garantem, por um lado, a adequabilidade ao contexto e, por outro, a qualidade das competências a adquirir. De acordo com o art.º 3º do Decreto-Lei 95/97 de 23 de abril o presente curso inclui-se na seguinte área de formação especializada (art.º 3º, item 1 alínea h):“Comunicação educacional e gestão da informação, visando qualificar para o exercício de cargos na área da comunicação educacional e da gestão da informação, designadamente no âmbito da gestão de centros de recursos educativos.” Tem como objetivo e na sequência do Decreto-Lei 95/97 de 23 de abril, formar e qualificar especialistas para o exercício de cargos na área da comunicação educacional e da gestão da informação, designadamente no âmbito da gestão de centros de recursos educativos tal como preconizado no perfil de formação do curso
A Pós-Graduação em Gestão de Serviços de Informação (informação acessível: https://www.pea.iscap.ipp.pt/programas/pos-graduacoes-executivas-1/ciencia-da-informacao-informacao-e-documentacao/gestao-de-servicos-de-informacao).
Este curso pretende formar Técnicos Superiores na área de Gestão de Serviços de Informação. Assim, forma quadros com competências técnicas de nível 6 de acordo com o Quadro Europeu de Qualificações para a aprendizagem ao longo da vida (QEQ), e as competências a adquirir estão alinhadas com o Euro-Referencial I-D (Informação-Documentação), contemplando a capacidade de gerir informação digital e analógica, em diferentes contextos profissionais, privilegiando o trabalho em equipa e a mobilidade profissional.
Os elevados níveis de empregabilidade que a LCTDI apresenta, são uma prova de que existe uma necessidade de mercado para diplomados com competências nesta área e que rapidamente são absorvidos. Há uma forte procura de recursos humanos devidamente formados que possam desde logo assumir funções de maior complexidade que garantam a qualidade da Gestão da documentação/Informação organizacional e por isso sejam promotores de diferenciação.
Ainda na ótica de possibilitar uma atualização constante aos profissionais que trabalham na área de CI, foram também criados os seguintes Cursos de Curta Duração: A escrita da metodologia nas produções académicas e científicas; Arquivo e a Organização do Conhecimento; Como realizar a diligência devida (due diligence) em Direitos Humanos; Comportamento Informacional, Saúde Mental e Infodemia na Internet; Conservação e Restauro de Documentos Gráficos e Fotográficos; Criação e parametrização de publicações periódicas/revistas académicas em Open Jornal System; Curadoria Digital; Empresas e Direitos Humanos: Conduta Empresarial Responsável; Gestão Sustentável e Economia Circular; Metodologias e Recursos para a Investigação Científica; Políticas de Informação: Captação e Projeto de Financiamento; Produção Editorial em Plataformas Digitais de Livros. (Informação acessível: https://www.pea.iscap.ipp.pt/programas/cursos-de-curta-duracao/ciencia-da-informacao). De referir que em todos os anos letivos são criados cursos deste âmbito.
A economia sofreu grandes transformações impulsionadas pelas tecnologias de informação e comunicação (TIC) o que, sem dúvida, teve um impacto significativo nos postos de trabalho, levando ou à extinção ou a mudanças significativas no modo de trabalho e no papel dos profissionais. Na realidade também os processos organizacionais, padrões de trabalho, competências exigidas e estruturas organizacionais sofreram alterações.
As exigências profissionais atuais são bastante diferentes daquelas que vigoravam até há pouco tempo e eram consideradas como “convencionais”. O leque de cursos na área da Ciência da Informação oferecido pelo P.Porto, neste caso ISCAP, permite uma diversificação e especialização de perfis, atendendo às diversas necessidades especializadas do mercado de trabalho atual e futura.
(Archivoz) Da sua experiência internacional, nomeadamente na Universidade de Léon, em Espanha, como estão as tendências de investigação em Informação e Documentação no país vizinho?
(Milena Carvalho) Todos percebemos que o mundo que nos rodeia tem sofrido ações disruptivas daquilo que encaramos como estabilidade. Não obstante, é claro que o panorama da investigação em Ciência da Informação (CI ) em Espanha tem evoluído muito significativamente. No artigo “La investigación en Documentación en España: diagnóstico 2020”, Abadal & Guallar (2020) mostram-no claramente. No que diz respeito a projetos de investigação, entre 2000-2004, os principais temas centravam-se na comunicação científica, na bibliometria e nas tecnologias de informação. Relativamente aos projetos concedidos pelo Programa estatal de I+D+i naquele país, entre 2012-2018, as 3 primeiras áreas de conhecimento dos investigadores principais nos projetos de natureza da Ciência da Informação, eram das Humanidades, Filologia e Informática. A Ciência da Informação (Biblioteconomia y Documentación) encontrava-se na 5ª posição do ranking (com 11% dos projetos).
No que concerne às teses de doutoramento, os autores apresentam dados extraídos da base de dados “Teseo” que, nas 4 categorias onde se inserem temas de CI, refletem uma notória e transversal evolução da investigação em CI. O descritor que mais cresceu comparando os dados de 1980-2000 e 2000-2020 foi “Documentação” (passando de 110 para 506), seguido de bibliometria (de 50 passou para 177), documentação automatizada (de 57 para 128) e por fim linguagens documentais, que de 20 passou para 58.
Outros dados interessantes versam sobre as colaborações, pois sofreram um incremento, tal como a repercussão internacional, e o investimento em atividades de I&D na área (visível pelo aumento de projetos apoiados).
Não obstante, os autores identificam aspetos que podem beneficiar de melhorias nos seus indicadores como sejam a colaboração internacional, nomeadamente no que concerne à produção científica, e a participação em projetos internacionais.
A Universidade de León explora diversas linhas de investigação, a partir do seu grupo designado ARBIDOC – Investigación en archivos, bibliotecas, información y documentación, que surge da fusão dos grupos de investigação que existiam anteriormente CONDOR y ANAQUEL, do qual é responsável a Prof. Doutora María Blanca Rodríguez Bravo. As linhas de investigação são as que se listam abaixo:
- Líneas de Investigación:
- Alfabetización informacional
- Análisis de procedimientos administrativos.
- Bibliotecas digitales
- Comportamiento informacional
- Comunicación científica
- Consumo de información
- Estudios métricos
- Historia de la archivística
- Humanidades digitales
- Interfaces de usuario
- Organización del conocimiento
- Organización y gestión de archivos: familiares, religiosos, empresariales
- Servicios bibliotecarios en la web
- Web semántica
Dos títulos dos projetos desenvolvidos destacam-se, pela frequência, as palavras arqueologia, intervenção, guerra, civil, Espanha, retorno, revistas, eletrónicas, investimento, impacto. Os projetos de investigação que beneficiam da maior parte dos membros do ARBIDOC são os seguintes: Análisis del rendimiento de la inversión en revistas electrónicas a través de su impacto en la producción científica de las universidades. Los consorcios bibliotecarios, sendo o investigador Principal: Blanca Rodríguez-Bravo; Análisis del rendimiento de la inversión en revistas electrónicas en las bibliotecas universitarias de Castilla y León a través de su impacto en la producción científica de las universidades, sendo igualmente o investigador Principal: Blanca Rodríguez-Bravo.
O grupo de investigação trabalha em projetos de investigação conjuntos e em projetos de investigação dirigidos por alguns membros da área, mas também em projetos dirigidos por elementos de outras universidades e em colaboração com empresas e instituições externas. É ainda relevante mencionar que existe igualmente uma forte colaboração no que concerne à publicação de artigos.
Quanto às colaborações com instituições portuguesas, existem, maioritariamente com a universidade de Coimbra. Não obstante, estamos a trabalhar no sentido de reforçar a nossa (ISCAP) colaboração com o colegas de León (ARBIDOC), com quem gostamos muito de trabalhar.
Relativamente a projetos futuros, devemos considerar o que a IFLA, no seu relatório The 2023 edition of the IFLA Trend Report (disponível aqui https://trends.ifla.org/update-2023) identificou como sendo as doze tendências de futuro, que passo genericamente a identificar:
Num mundo em mudança, as bibliotecas são, cada vez mais, consideradas irrelevantes e, em muitos países, o valor das infraestruturas orientadas para a comunidade e da informação para o desenvolvimento é subvalorizado. As despesas públicas – e, por conseguinte, as oportunidades de investimento – estão a ser limitadas. Torna-se cada vez mais difícil prestar serviços universais e equitativos às, mais diversas, sociedades. A regulação dos espaços digitais está a acelerar, mas sem ter em conta o impacto da forma como as bibliotecas apoiam o desenvolvimento. A crescente insegurança no mundo é exacerbada por investimentos desiguais em espaços digitais, e os trabalhadores da biblioteca e da informação são vistos como auxiliares.
Claramente algumas assumem-se como desafios e, eventualmente, outras como ameaças. Qualquer projeto que vá ser pensado e desenvolvido, deve atender a estes aspetos.
Temos tido ao longo dos anos mobilidades in e out, quer de docentes quer de estudantes. Estamos neste preciso momento a implementar um tipo de mobilidade diferente, o Blended Intensive Learning (BIP) do qual somos organizadores, mas contamos com a Universidad León, Espanha e a Šiauliai State University of Applied Sciences, Lituânia como instituições parceiras. O BIP que implementamos intitula-se “Information Management in the Digital Era” e assume como objetivos: compreender a importância da gestão da informação e da comunicação como elemento estruturante da gestão global das organizações na era digital; refletir sobre as áreas de atuação do gestor de infocomunicação; preparar os estudantes para futuros cenários profissionais: interação em grupo multicultural e trabalho com elevada componente tecnológica, prática de língua estrangeira (inglês), relações que exijam sensibilidade cultural e trabalho de grupo em contexto internacional. O método de trabalho inclui palestras on-line, palestras em vídeo, estudos em sala de aula invertida, análise de estudo de caso e trabalho de projeto. O método didático prevê o trabalho em equipe dentro da equipe internacional, tanto online quanto presencial, como processo de trabalho principal, mas também o estudo e o trabalho individual para aprofundar o conhecimento e poder contribuir para o trabalho em equipe. Apesar deste BIP ter entidades parceiras oriundas de Portugal (nós), Espanha (Facultad de Filosofia y Letras da Universidad de León) e Šiauliai State University of Applied Sciences (Information Management Degree), a verdade é que o BIP tem participantes de outros países, nomeadamente Polónia, Letónia, Holanda e Áustria.
No dia 27 de maio teve início a última semana desta mobilidade, que é a semana presencial e tivemos o prazer de contar com a visita de 3 estudantes da Universidad de León e de 3 docentes e demais participantes, docentes e alunos, de outras instituições.
Esforços têm vindo a ser feitos, mas não há dúvidas de que se mantém imperiosa a necessidade de promover a visibilidade e a colaboração internacional, partindo de uma abordagem reflexiva que pressupõe uma avaliação estratégica baseada na identificação do ambiente em que operamos e nos desafios comuns que enfrentamos.
Entrevistado
Milena Carla Lima de Carvalho
Milena Carla Lima de Carvalho é doutorada em Ciências Documentais – Especialização em Gestão de Informação e Serviços de Informação ¿ Ciência da Informação (2014) pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, mestre em Arquivos, Bibliotecas e Ciência da Informação pela Universidade de Évora (2008) , Pós-Graduação em Ciências Documentais, variante Arquivo pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2003); Pós-graduação em Recursos Humanos pelo Ensino Desenvolvimento e Cooperação CRL, Porto (2002), e Licenciatura em Estudos Europeus pelo Ensino Desenvolvimento e Cooperação CRL, Porto em 1997. Desde 2004, é Docente Sénior em diversos cursos e mestrados do Politécnico. do Porto/Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP). Entre 2012-2018, foi Coordenadora das Bibliotecas da Escola Pós-Graduação de Gestão, do Politécnico do Porto/Escola Superior de Gestão e Estudos Industriais. Desde 2016, é Coordenadora do Programa de Licenciatura em Ciências e Tecnologias da Informação e Documentação (LCTDI). Entre 2016-2017, foi Coordenadora do Mestrado em Informação Empresarial, no Politécnico do Porto/Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto. Entre 2004-2016, coordenou o Gabinete de Relações Públicas do Politécnico do Porto/Escola Superior de Gestão e Estudos Industriais. Está integrada como investigadora no Centro de Investigação Transdisciplinar de Cultura, Espaço e Memória da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É investigadora do Centro de Estudos Organizacionais e Sociais da Escola Superior de Contabilidade e Administração do Porto, Politécnico do Porto, e Investigadora em Arquivos, Bibliotecas, Informação e Documentação, Universidade de León, Espanha. É membro do Conselho Consultivo do ISCAP; Membro do Júri de candidatos universitários há mais de 23 anos; Desde 2016, Presidente do Júri de seriação dos candidatos à LCTDI. Membro do Conselho de Curso da CTDI: Associação Portuguesa de Gestão de Informação. É também especialista europeia (EX2021D408390) nas áreas de: Arquivos e Bibliotecas – Cultura [Europa Criativa]. Publicou 7 artigos em periódicos. Possui 3 seção(s) de livros e 4 livro(s). Organizou 39 evento(s). Participou de 48 evento(s). Orientou 82 trabalho(s) de conclusão de curso de LSc/BSc e coorientou 13. Participa e/ou participou como bolseiro de doutoramento em 1 projeto(s). Atua na(s) área(s) de Ciências Sociais com ênfase em Mídia e Comunicações com ênfase em Ciência da Informação.No currículo da Ciência Vitae os termos mais frequentes no âmbito da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: Ambientes colaborativos de aprendizagem; Web 2.0; Sistemas de gerenciamento de conteúdo; Ciência da Informação; Informações de mediação; Ciências e tecnologias da documentação e da informação; Literacia da informação; Organização e classificação; Modelo sistêmico e interativo; Estudo orgânico-funcional; Acesso a informação; Comportamento Informacional; Preservação e Conservação; Representação da Informação; Patrimônio informacional; Sustentabilidade; Turismo.
Entrevistador
Dr Alexandra María Silva Vidal
Editor di contenuti, Archivoz Magazine
Archivera en el Archivo Historico de la Iglesia Lusitana (comunión anglicana de Portugal); Miembro de proyetos archivísticos en el Archivo Distrital de Braga.