(Archivoz) Atualmente, também é investigadora responsável pelo projeto Rota do Pescador. Em que consiste este projeto?

(Milena Carvalho) Sim sou a investigadora responsável desse projeto, desde 2015, em conjunto com a minha colega a professora, Susana Martins, docente na licenciatura em Ciências e Tecnologias da Documentação e Informação, ministrada no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto. P. Porto.

Este projeto surgiu devido à crescente importância do património informacional como agente gerador de valor e como identidade distintiva é, nos dias de hoje, um elemento essencial para o desenvolvimento local, através da criação de atividades de turismo cultural enriquecidas pelas tradições comunitárias. Assim, o foco deste projeto é preservar a identidade e ligação cultural de Vila do Conde à atividade pesqueira e aos seus pescadores, que têm nas Caxinas e na Poça da Barca uma das maiores comunidades piscatórias do país, através da criação de um quadro cultural e raiz do turismo: “A Rota dos Pescadores”, que inclui uma parceria com diversos atores locais da região, como órgãos de governo local e associações culturais. Este projeto tem como objetivo a recuperação, salvaguarda e divulgação de património informacional diretamente ligado a tradições piscatórias, bem como a ativos de inventário que cobrem diversas formas de património. O mar sempre foi um elemento central da Vila do Conde, centro urbano com atividades ligadas à pesca. Mesmo a expansão marítima portuguesa foi marcada por um profundo envolvimento de Vila do Conde, através da construção naval em madeira, do seu porto marítimo, comércio e atividades de apoio logístico aos mesmos, como é o fabrico de velas de embarcações. Pretende-se ainda criar uma plataforma digital de divulgação dos materiais recolhidos e de dinamização local, e a criação e integração de uma rota pedonal numa grande rota europeia e numa plataforma online, esta, passível de proporcionar uma experiência turística imersiva com recurso à realidade aumentada.

Este projeto insere-se numa abordagem estratégica à proteção do património cultural local e está alinhado com a definição que a UNESCO (s.d.) apresenta de património cultural “O património cultural não se esgota nos monumentos e coleções de objetos. Inclui também tradições ou expressões vivas herdadas de nossos ancestrais e repassadas aos nossos descendentes, como tradições orais, artes cênicas, práticas sociais, rituais, eventos festivos, conhecimentos e práticas sobre a natureza e o universo ou os conhecimentos e habilidades para produzir os tradicionais trabalhos manuais. Para Martins & Carvalho (2018), a implementação de iniciativas de turismo sustentável significa aplicar novos conceitos de desenvolvimento, adotar novas tecnologias e métodos de trabalho em múltiplos domínios, introduzir novas atividades e produtos turísticos de qualidade, privilegiando o contacto do Homem com a Natureza e valorizando a História e a Cultura dos lugares. Efetivamente, a crescente importância do património informacional enquanto agente gerador de valor e de identidade diferenciadora é, atualmente, um elemento essencial para a criação de atividades turísticas distintivas e valorizadoras das realidades e do património local se considerado no contexto de desenvolvimento estratégico local (Martins & Carvalho, 2019). O património cultural é, cada vez mais, visto como recurso estratégico para o desenvolvimento. No entanto, um dos desafios que se coloca é, a muitas vezes desigual capacidade para identificar e, devidamente, ativar esse mesmo património informacional que reside nalgumas comunidades, em proveito dessas mesmas comunidades. As autoras referem que o desenvolvimento sustentado é conseguido através da exploração de património de diversa natureza, considerando o uso razoável de recursos e preservando as espécies e os habitats naturais locais.

Assim, como já referi, este projeto teve início em 2015, a convite da Junta de Freguesia de Vila do Conde, convite dirigido à licenciatura em Ciências e Tecnologias da Documentação e Informação (LCTDI), no âmbito dos Estágios curriculares desta,  que na altura se encontrava na Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão, Vila do conde, escola que foi, entretanto, extinta. Na altura, a equipa fixa era composta por docentes da LCTDI e com a colaboração de elementos do curso de Design e de Gestão e Administração Hoteleira da referida instituição. Em 2016, a LCTDI migra para o Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, e o projeto continua, mantendo-se com as duas docentes dessa mesma equipa de docentes, a saber: Milena Carvalho e Susana Martins, até à atualidade.

Como se refere a “A Rota do Pescador” assume-se como um projeto conjunto, de índole infocultural e turística. Tem o intuito de preservar a ligação identitária  e cultural  da cidade de Vila do Conde à  pesca e  aos seus pescadores, que tem no lugar de Caxinas e Poça da Barca uma das  maiores comunidades piscatórias do país e, simultaneamente, a divulgação do mesmo.

Este projeto tem os seguintes objetivos gerais: Recolher, recuperar e recriar elementos tangíveis e intangíveis associados a estas comunidades; Desenvolver uma plataforma eletrónica (portal) de disponibilização desta informação; Criar, com a sinalização de edificado, lugares, pessoas e bens, um percurso turístico; Criar novos elementos,  através  do  registo  audiovisual  de testemunhos  de  pescadores  no  ativo  e  na  reforma,  muitos emigrados, que estará disponível nas redes sociais; Considerar o acervo destas comunidades, associado  à faina:  apetrechos  de  pesca,  fotografias, notícias, imagens, histórias e divulga-las; Criar um percurso turístico pedonal que engloba os locais a dinamizar de forma sustentável. Como objetivos específicos a atingir pretendeu-se:  Desenvolver um logotipo que é o rosto do projeto; Produzir produtos típicos que servirão como cartão-de-visita e promover as boas vindas aos turistas que cheguem à região via aeroporto Francisco Sá Carneiro, na zona de levantamento de bagagem; Aliar a gastronomia do peixe à dinamização de fins-de-semana gastronómicos e ao percurso turístico; Organizar recriações e animações de rua, com a colaboração do movimento associativo local; Realizar parcerias internacionais (Universidades); A elaboração de uma árvore genealógica das famílias piscatórias destas comunidades.

A metodologia usada para o desenvolvimento deste projeto, foram as: Entrevistas semiestruturadas (a membros das comunidades) levantamento do património informacional (de cariz cultural, religioso, arquitetónico, ligado à construção naval e ao espólio piscatório, indumentária e gastronomia) (acessível em: https://www.facebook.com/rotadopescador); Questionários realizados  (a visitantes com o objetivo de recolha de informação pertinente para a criação de produtos e serviços bem como a realização da análise documental da informação presente no acervo da biblioteca e do arquivo municipal de Vila do Conde e de outras fontes.

 

Relativamente aos resultados obtidos, destacamos: a criação do logotipo do projeto:
Fonte: autoria da equipa do projeto (2016)
 
A criação de um glossário do típico linguarejar caxineiro:
Fonte: autoria da equipa do projeto (2017).
A criação de mockups de merchandising associado ao projeto:  
Fonte: autoria da equipa do projeto (2017)

No âmbito do projeto foi ainda realizado um levantamento de várias receitas típicas destas comunidades – Biblioteca Digital de Gastronomia Local  a ser disponibilizado pela Junta de Freguesia de Vila do Conde.

Foi também organizada uma recriação com a colaboração de movimentos associativistas locais , nomeadamente a Associação cultural “Bind´ó Peixe” Ver: https://www.facebook.com/bindopeixe/

Ainda dentro dos Resultados obtidos foi delineado um percurso turístico pedonal, na imagem abaixo podemos ver alguns pontos de interesse localizados na cidade de Vila do Conde e na imagem seguinte verificamos a altimetria do trajeto. Este percurso engloba os locais a dinamizar de forma sustentável:

Fonte: autoria da equipa do projeto

Dando seguimento ao espírito do Projeto A Rota do Pescador, no âmbito das parcerias internacionais com Universidades, no ano letivo de 2022-2023, foi realizado um protocolo com a Universidade de Mindelo, Ilha de Santiago em Cabo Verde, no âmbito dos estágios extracurriculares e curriculares da LCTDI, para a replicação deste modelo/projeto. Neste sentido o principal objetivo do projeto é a inventariação do património informacional da atividade piscatória das comunidades da Ilha de São Vicente, com vista à sua delimitação e caracterização. Os objetivos específicos são: identificar, recolher e inventariar património relativo à indumentária, gastronomia, arte da pesca, idiomática; criar um percurso pedestre onde a natureza, o mar e as tradições e locais emblemáticos para estas comunidades estejam presentes; integrar esse percurso numa grande rota europeia. Esta recolha de informação nas comunidades piscatórias tem como objetivo a preservação e promoção deste património informacional no âmbito da sustentabilidade destas comunidades.

Este projeto terá continuidade no ano letivo de 2024-2025, assim prevê-se: criar uma marca/branding e respetivos recursos com base nas informações recolhidas; promover um programa de mediação para os pescadores poderem usar as embarcações para rotas marítimas turísticas; criar um plano de comunicação e marketing; desenvolver parcerias tecnológicas por forma a promover este património com recurso a um sistema de recomendação. Na divulgação do projeto, pretende-se ainda criar uma plataforma digital de divulgação dos materiais recolhidos e de dinamização local.

No que concerne aos objetivos futuros do projeto Rota do Pescador, podemos indicar os seguintes: Preparar o processo de registo do percurso pedonal anteriormente proposto como rota urbana; Recolher informação sobre potenciais rotas marítimas costeiras, por forma a que se proponha a criação de uma rota marítima turística por forma a rentabilizar os recursos piscatórios, em particular em época de defeso e de restrições piscatórias; Tratar e analisar a informação recolhida com recurso à análise de conteúdo; Estruturar a informação por forma a se criarem meios de divulgação da arte da pesca destas comunidades; Publicar num livro o linguarejar caxineiro e concluir o processo de fabrico e comercialização do merchandising criado anteriormente; bem como publicar os resultados da recolha da informação na ilha de Santiago em Cabo Verde e a sua implementação.

 
Relativamente aos Outputs / Outcomes, do projeto Rota do Pescador, deixamos alguns exemplos:

Publicação de artigos em revistas indexadas nas principais bases de dados e em bases de dados de relevância na área da Ciência da Informação; Apresentação de comunicações em congressos internacionais; Coorganização de eventos de dinamização turística; Criação de rotas pedonais de valorização do património alvo do levantamento e inclusão destas em rotas europeias; Criação de registos do linguarejar típico das comunidades alvo de estudo; Criação de livros de receitas e práticas gastronómicas das comunidades; Desenvolvimento de uma app (sistema de recomendação) por forma a incrementar a atividade turística nas comunidades alvo do projeto; Aumento do número de turistas a visitar as comunidades; Aumento da receita das comunidades associadas a este projeto.

Resultados obtidos no que diz respeito às publicações podem ser acedidos em: Carvalho, M.; Martins, S.  (2016). The Fishermans´Route. In Amoêda, R.; Lira, S.; Pinheiro, C. (eds.), HERITAGE 2016 – Proceedings of the 5th International Conference on Heritage and Sustainable Development – Vol. 1 (pp. 941-948). Lisboa: Green Lines Institute; Carvalho, M.; Martins, S.  (2016, julho). The Fishermans´Route. Comunicação apresentada no HERITAGE 2016 – 5th International Conference on Heritage and Sustainable Development. Lisboa, Portugal; Martins, S., & Carvalho, M. (2018). The Fishermans´ route Project: an interinstitutional collaboration initiative. INTED2018 Proceedings, 4917–4922; Carvalho, M., Martins, S., (2018, Maio). A memória na sustentabilidade do turismo – o caso do projeto A Rota do Pescador. Comunicação apresentada no IV Congresso Internacional da Rede ACINNET – Empreendedorismo, Inovação e Internacionalização Académica e Empresarial, Matosinhos, Portugal; Martins, S. & Carvalho, M. (2019). A Rota do Pescador – Práticas Pedagógicas. In Formação e Inovação Pedagógica no P. Porto – Fórum Interno. Porto – ISEP, 9 a 10 de maio 2019. (atas a publicar no número especial da revista Sensos-e indexada na Capes-Qualis); Carvalho, M. Martins, S. – A Rota do Pescador – Práticas Pedagógicas. Sensos-e [Em linha]. Vol. 6: n.º 3 (2019) páginas 158-166. Disponível em WWW:<URL:https://parc.ipp.pt/index.php/sensos/article/view/3112/1501 >. ISSN 2183-1432; Carvalho M., Martins S., Castro M.J., Gonçalves B. (2021) Informational Heritage, Sustainable Development and Tourism: The Urban Route of the Fisherman’s Project. In: Abreu A., Liberato D., González E.A., Garcia Ojeda J.C. (eds) Advances in Tourism, Technology and Systems. ICOTTS 2020. Smart Innovation, Systems and Technologies, vol 209. Springer, Singapore. https://doi.org/10.1007/978-981-33-4260-6_40

Como considerações finais e trabalho futuro no âmbito do modelo de turismo de  baixo  impacto,  mas  de  grande  importância  no desenvolvimento  turístico  e  económico  do  concelho, deveremos perceber o  impacto  direto  para  as  comunidades  nele  implicadas a elevada valorização das suas tradições e memória, a preservação da informação  e  património  valiosos, tanto                  social  como  cultural, associados  à  atividade  piscatória. Como forma de monitorização, será necessário, proceder-se a estudos  sobre  a  adesão  dos  turistas  à  Rota e  aos diversos elementos associados a esta e  assegurar  os  procedimentos  éticos  por  parte  da  equipa  do projeto  na  implementação  do  marketing  turístico e aferir o impacto do projeto na sustentabilidade da comunidade.

A Manutenção e internacionalização do projeto “A Rota do Pescador” através de contactos com a Šiauliai State University of Applied Sciences. Lithuania a e continuidade de esforços no sentido de ver o projeto reconhecido pela UNESCO como um projeto de interesse nacional que trará benefícios para os estudantes e para as comunidades; como consequência da  visibilidade  do  projeto  A  Rota  do  Pescador,  surgem  trabalhos/projetos  de continuidade  e  que  têm  como  objetivo  situar  a  atuação  do  profissional  da  informação  em  contextos profissionais inovadores e diversificados.

(Nota) A Recolha de material audiovisual (entrevistas aos pescadores e mulheres destes) está disponível através da página do Facebook – Rota do Pescador criada https://www.facebook.com/rotadopescador/  ,bem como o Vídeo de apresentação da Rota do Pescador: https://www.facebook.com/rotadopescador; http://www.jf-viladoconde.pt/

De forma sucinta posso partilhar outros projetos que decorrem no âmbito da LCTDI, em parceria com a professora Susana Martins, como por exemplo: “Sistema de recomendação turística móvel para a Metro do Porto” em 2019, que teve como objetivos: Proceder a um levantamento dos pontos de interesse em torno das estações do metro; Recolher diferentes informações sobre pontos de interesse turístico; Disponibilizar as informações em diferentes idiomas; Criar um protótipo de uma app que combine todas as informações recolhidas, com recurso a geolocalização do seu utilizador, de forma que sejam oferecidas no momento em que existe proximidade física com esse ponto de interesse (POI); Valorização do metro como meio de transporte em relação ao património circundante à sua rede de transporte.

No que diz respeito ao desenvolvimento do projeto foram realizadas as seguintes tarefas: Identificação dos elementos que integram as paragens de metro (a existência de multibanco, WC, café ou estacionamento); Análise de 82 paragens da rede do Metro do Porto > apenas 52 apresentavam algum tipo de ponto turístico de interesse; desse universo de 52 paragens, identificaram-se, numa primeira fase 159 pontos de interesse que foram considerados e descritos. Numa segunda fase, e após uma análise detalhada, as 52 paragens foram reduzidas para 36 e os 159 pontos de interesse para 87 pois havia locais que se encontravam fechados ao público. Numa terceira fase foram acrescentados 23 pontos de interesse gastronómico, totalizando assim 110 pontos de interesse nas proximidades de 37 estações do Metro do Porto. A informação foi registada numa base de dados contendo campos como: estação do metro mais próxima, a designação do local, o endereço, a descrição do local, a distância até à estação mais próxima, o custo associado ao ponto de interesse (entrada paga e valor p. ex.), o horário de funcionamento e o link para o site oficial. Os pontos de interesse foram categorizados usando 4 categorias: Património histórico/Cultura (que incluiu vários locais relevantes a nível local, municipal e nacional e também locais que prestam serviços culturais); Comércio (locais comerciais – venda de produtos); Lazer (inclui os jardins da cidade); Gastronomia (restauração e bebidas); Os locais foram fotografados e as fotografias carregadas na aplicação. Foram pesquisadas e comparadas plataformas que permitiam a criação de uma aplicação (analisadas 19 plataformas = 11 eram de acesso pago; 2 exigiam competências de programação; 6  não permitiam cumprir os requisitos do projeto)

Optou-se pela plataforma Mobincube: é gratuita (plano Starter); permite a estruturação e encadeamento de informação através de vários menus de natureza hierárquica; não foi possível, nesta 1ª fase o recurso à geolocalização, a implementar numa fase seguinte.

Outro projeto realizado em 2020/2021 foi a “Internacionalização dos produtos Rūta usando uma aplicação para smartphone, em Šiauliai, Lituânia” com os seguintes objetivos: Promoção de um produto nacional lituano que  recaiu sobre a Rüta, a fábrica de chocolate mais antiga da Lituânia. Foi realizado um diagnóstico/recuperação da informação já disponível: website, social media, guião de entrevista dirigido a um responsável da Rüta. Para o desenvolvimento do projeto foi necessário: a análise da informação recolhida, a seleção da informação relevante, a compreensão das necessidades dos potenciais utilizadores da aplicação, a escolha e implementação da app: análise da oferta existente, escolha da plataforma, criação do logo para a app, organização da informação, implementação prática (criação de páginas e gestão de conteúdos).

Fonte: autoria da equipa do projeto.

Existem outros projetos em curso inclusive com a Universidade de Mindelo, Cabo Verde, mas ainda se encontram numa fase inicial.

Projeto: Objeto e informação do Patrimônio Paisagístico e Cultural – Museologia – Paisagens Culturais da Vinha: identidades, desafios, oportunidades. Apresentado em 2021, no 20º aniversário da classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial. Teve como objetivo apresentar a estreita ligação entre o turismo a Ciência da Informação, o Património a Museologia e a sustentabilidade. Neste projeto foi essencial articular a Ciência da Informação e a Museologia, compreendendo o binómio Facto mental / Artefacto, sendo uma representação mental e emocional, igual a informações prontas para serem materializadas, já o Facto mental é um produto material e funcional idealizado ou derivado de representação mental e emocional. O objeto de estudo é informativo e a forma que assume é agora secundária. A Informação como conhecimento: percebida a partir do processo, intangível, pessoal, subjetiva e conceitual; Informação como objeto: os objetos podem ser informativos; ativos tangíveis; a expressão, descrição ou representação de algo, de forma física. As necessidades dos utilizadores são outro elemento central que deve ser considerado.

A construção da sociedade da informação deve compreender o fenômeno da infocomunicação em toda a sua complexidade. Na Era da Informação, a democratização do acesso à informação, a integração e a sobrevivência das instituições num mundo mais globalizado, acaba por se refletir nos seus novos papéis, funções e necessidades, um novo campo onde as formas e o conceito de mediação assumem um papel central na definição de objetivos, estratégias e direções.

Consideramos assim, que o profissional da informação é responsável pela mediação e pela infocomunicação, pois são a garantia do passado e veículo do futuro, porque já emergimos numa nova era e os desafios exigem limites integrados, sistemáticos, meta-empíricos, diferentes ou novos, correspondendo à Ciência da Informação trans e interdisciplinar salientando o papel do profissional formado em utilizadores avançados da Ciência da Informação e das Tecnologias da Informação e Comunicação. São profissionais especialistas em avaliar, selecionar e fornecer apenas informações úteis e pertinentes ao utilizador que as procura.

Projeto: Grande Hotel do Porto como Boutique & Charm Hotel promovendo a sua identidade diferenciadora.

Este projeto assenta na ideia de que o património é um recurso a valorizar, que promove o desenvolvimento sustentável e sustentado da organização a que pertence, uma vez que o património, no sentido da palavra, tem valor por si só.

É a informação que traduz a memória de uma organização centenária e que constitui um recurso potencial para o seu futuro.

O turismo de valor, cultural e etnográfico vive da informação que os outros detêm e é atualmente considerado estratégico para o desenvolvimento e será nesta perspetiva que este projeto se desenvolveu no Grande Hotel do Porto como Boutique & Charm Hotel.

Este projeto abrangeu a recolha do património informativo e histórico do Grande Hotel do Porto, como: a recolha de registos fotográficos, dos registos de clientes, a caracterização e descrição de personagens ilustres e acontecimentos ocorridos no local bem como a contextualização e descrição da razão pela qual foi construído na Rua Santa Catarina e o papel que os funcionários do hotel desempenharam para a sua sobrevivência secular. Tratar e analisar a informação recolhida

A metodologia usada para o desenvolvimento deste projeto, foram as: Entrevistas semiestruturadas (ao responsável do hotel, aos funcionários, e alguns clientes) levantamento do património informacional e análise documental no arquivo histórico do Porto. Depois de tratada e analisada a informação recolhida foi necessário estruturar a informação para a criação de um e-book, que está acessível através de um ecrã táctil, de forma a utilizar esta informação para promoção e fortalecer a marca “Grande Hotel do Porto”.

Somos da opinião que a informação do ativo gera valor. Assim, o valor da informação no Grande Hotel do Porto resultou das atividades que foram desenvolvidas, nomeadamente a pesquisa, recuperação, análise de documentos encontrados em centros de informação e resultantes das entrevistas e, posteriormente, a sua salvaguarda e divulgação através de um catálogo de divulgação.

Resultou na criação de um catálogo de divulgação, que foi colocado nas salas de lazer para que possa ser consultado, e, posteriormente será disponibilizado na página online do Grande Hotel do Porto.

Em jeito de conclusão, consideramos que a formação atual dos profissionais da informação: Adapta-se às novas exigências da Sociedade da Informação e do Conhecimento; Permite explorar novas áreas de atuação; Utiliza tecnologias em benefício das comunidades e dos utilizadores da informação; Os projetos apresentados, e outros, desenvolvidos no âmbito da LCTDI/ISCAP-P. Porto, demonstram a mobilização de conhecimentos e competências numa perspetiva teórico-prática; Os projetos apresentados podem ser facilmente transpostos para a cultura do Douro Vinhateiro e outras paisagens culturais e patrimoniais que se pretendam abordar do ponto de vista da Ciência da Informação. Por fim, a atual formação dos profissionais da informação permite-lhes trabalhar em parceria com colegas de todas as áreas, não usurpando funções, mas complementando-as.

<< voltar à parte I da entrevista

>> a terceira parte da entrevista será publicada no dia 12 de junho

 

Entrevistado

Milena Carla Lima de Carvalho

Milena Carla Lima de Carvalho

Milena Carla Lima de Carvalho é doutorada em Ciências Documentais – Especialização em Gestão de Informação e Serviços de Informação ¿ Ciência da Informação (2014) pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, mestre em Arquivos, Bibliotecas e Ciência da Informação pela Universidade de Évora (2008) , Pós-Graduação em Ciências Documentais, variante Arquivo pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2003); Pós-graduação em Recursos Humanos pelo Ensino Desenvolvimento e Cooperação CRL, Porto (2002), e Licenciatura em Estudos Europeus pelo Ensino Desenvolvimento e Cooperação CRL, Porto em 1997. Desde 2004, é Docente Sénior em diversos cursos e mestrados do Politécnico. do Porto/Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP). Entre 2012-2018, foi Coordenadora das Bibliotecas da Escola Pós-Graduação de Gestão, do Politécnico do Porto/Escola Superior de Gestão e Estudos Industriais. Desde 2016, é Coordenadora do Programa de Licenciatura em Ciências e Tecnologias da Informação e Documentação (LCTDI). Entre 2016-2017, foi Coordenadora do Mestrado em Informação Empresarial, no Politécnico do Porto/Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto. Entre 2004-2016, coordenou o Gabinete de Relações Públicas do Politécnico do Porto/Escola Superior de Gestão e Estudos Industriais. Está integrada como investigadora no Centro de Investigação Transdisciplinar de Cultura, Espaço e Memória da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É investigadora do Centro de Estudos Organizacionais e Sociais da Escola Superior de Contabilidade e Administração do Porto, Politécnico do Porto, e Investigadora em Arquivos, Bibliotecas, Informação e Documentação, Universidade de León, Espanha. É membro do Conselho Consultivo do ISCAP; Membro do Júri de candidatos universitários há mais de 23 anos; Desde 2016, Presidente do Júri de seriação dos candidatos à LCTDI. Membro do Conselho de Curso da CTDI: Associação Portuguesa de Gestão de Informação. É também especialista europeia (EX2021D408390) nas áreas de: Arquivos e Bibliotecas – Cultura [Europa Criativa]. Publicou 7 artigos em periódicos. Possui 3 seção(s) de livros e 4 livro(s). Organizou 39 evento(s). Participou de 48 evento(s). Orientou 82 trabalho(s) de conclusão de curso de LSc/BSc e coorientou 13. Participa e/ou participou como bolseiro de doutoramento em 1 projeto(s). Atua na(s) área(s) de Ciências Sociais com ênfase em Mídia e Comunicações com ênfase em Ciência da Informação.No currículo da Ciência Vitae os termos mais frequentes no âmbito da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: Ambientes colaborativos de aprendizagem; Web 2.0; Sistemas de gerenciamento de conteúdo; Ciência da Informação; Informações de mediação; Ciências e tecnologias da documentação e da informação; Literacia da informação; Organização e classificação; Modelo sistêmico e interativo; Estudo orgânico-funcional; Acesso a informação; Comportamento Informacional; Preservação e Conservação; Representação da Informação; Patrimônio informacional; Sustentabilidade; Turismo.

Entrevistadora

Alexandra María Silva Vidal

Alexandra María Silva Vidal

Editor di contenuti, Archivoz Magazine

Archivera en el Archivo Historico de la Iglesia Lusitana (comunión anglicana de Portugal); Miembro de proyetos archivísticos en el Archivo Distrital de Braga.

Share This