Realizada em 23 de novembro de 2022, a 4ª Jornada Archivoz teve como tema “Arquivos Digitais e a Informação Aberta”. Buscou-se, no esteio da Sociedade das Tecnologias e da Informação, trazer um panorama com diversas visões sobre Arquivos Digitais e Acesso e diferentes práticas arquivísticas em um contexto internacional.

Proporcionamos na íntegra o vídeo e um roteiro dos assuntos debatidos.

Realizada el 23 de noviembre de 2022, la  tuvo 4ª Jornada Archivoz como tema “Archivos Digitales e Información Abierta”. Se buscó, en el marco de la Sociedad de Tecnologías e Información, traer un panorama con diferentes miradas sobre Archivos Digitales y Acceso y diferentes prácticas archivísticas en un contexto internacional.

Proporcionamos el video completo y un guión de los temas tratados.

Apresentação: Noemi Ortega (Archivoz)

[00:3:38]: Abertura: Charlley Luz (moderador/ Archivoz), apresentação da 4ª Jornadas Archivoz

[00: 09:11]: Palestra de Júlio Manuel Rafael António (consultor de projetos de arquivos, bibliotecas e museus em Portugal), Arquivos digitais e soluções de código aberto”. Apresentação de questões clássicas relativas aos arquivos e suas conformações em um mundo digital, o qual requer um novo papel a ser desempenhado pelo arquivista. A compreensão de que o arquivista deve intervir na gestão dos processos de negócio, na descrição documental, na implementação de repositórios de autoridades e de preservação digital, tanto quanto tomar conhecimento de aplicativos de códigos abertos e quando possível utilizá-los em seu meio – como o Atom, Kali/ Atom e Archivematica, respectivamente para descrição, repositório de autoridade e preservação digital. Igualmente, o profissional de arquivos pode buscar desenvolver competências como as apresentadas no Modelo Digital DIGCOMP 2.2 (europeu): literacia de informação e dados; comunicação e colaboração; criação de conteúdos digitais; segurança e resolução de problemas. Apresenta também soluções para o caso de Portugal, as quais podem ser repensadas em relação a outros países e instituições.

[00:22:00]: Questões ao palestrante

[00:30:00]: Palestra de Daniel Flores (professor da Universidade Federal Fluminense), “Transparência Ativa versus Transparência Passiva nos Arquivos: Plataformas Digitais em Software Livre como Lugares de Memória à Cidadania”.  Apresentação dos conceitos “acesso” e “difusão”, em diálogo com transparência passiva e transparência ativa de informações públicas, e da defesa da patrimonialização das plataformas digitais arquivísticas como lugares de memória social. A partir desse prisma, discute como implementar políticas de uso e reuso de informações arquivísticas e de interoperabilidade de dados abertos, sem abrir mão da preservação da autenticidade, confiabilidade e da cadeia de custódia digital dos documentos arquivísticos, garantindo assim, juntamente com o acesso e a difusão dos documentos de arquivo, segurança jurídica e preservação a longo prazo. Reforça a ideia de que interoperar dados significa oferecer tanto os instrumentos arquivísticos quanto os próprios documentos de arquivo em extensões que permitam a extração, cruzamentos e análises (xml, csu, dentre outros). Para tanto, discorre sobre os princípios FAIR –  os documentos arquivísticos em dados, gestão de documentos e preservação sistêmica -, e RDC-Arq de acordo com o modelo OAIS – auditados conforme as normas ISO 16363 e 16919. Desenvolve exemplos brasileiros sobre a gestão da informação por parte dos órgãos públicos.

[00:54:00]: Questões ao palestrante, debate, intervalo e retomada da Jornada.

[01:14:00]: Palestra de Luis Corujo (professor da Universidade de Lisboa), “Avaliação e Preservação para Arquivos Digitais”. A partir do entendimento de diferentes fatores contemporâneos que atravessam os arquivos – novos contextos informacionais e suportes, metainformação, desvinculação de um produtor determinado de documentos, sistema eletrônicos e especificidades do acesso à informação eletrônica -, apresenta uma revisão teórica a respeito da avaliação em arquivos e consequente preservação digital para tentar dar respostas à atual realidade dos arquivos. Passando sumariamente por autores da Arquivística e pelos paradigmas norteadores de seus pensamentos, e quais modelos teóricos adotados por Portugal, Brasil e Espanha, reflete que a ‘avaliação’ é a função e o processo definidor do que seja o arquivo, pois implica tanto em análise funcional dos documentos, quanto análise sócio política do que se pretende preservar. Por outro lado, observa ter existido pressão de adaptação das correntes tradicionais à realidade tecnológica, ou a realidade tecnológica pressionando o surgimento de novas correntes de pensamento, e falência das teorias tradicionais em nome das correntes pós-modernas, as quais também poderão entrar em falência, pois representam a continuidade das primeiras. A preservação digital deve considerar a necessidade de melhoria contínua do sistema digital, planejamento sistematizado, garantia de autenticidade, usabilidade, acessibilidade, fidedignidade. É necessário ainda observar as suas implicações administrativas, legais, políticas e financeiras. Reflete sobre o modelo de contextualização do objeto digital como um referente teórico para a compreensão de seus elementos constituintes.

[01:39:00]: Palestra de Cristal da Rocha (arquivista no Acervo do jornal O Estado de São Paulo), “As redes sociais como uma extensão do arquivo: o universo digital e sua narrativa para a difusão de acervos”.  Apresentação da experiência em difusão de acervo do Jornal O Estadão, cujo arquivo remonta desde 1875. Reflete o acervo digitalizado, as fotografias analógicas e nato digitais no âmbito da difusão, e a base de dados oferecida pelo Jornal a qualquer pesquisador, dando-lhe autonomia de pesquisa. A difusão é vista como uma atividade de curadoria do arquivista, que realiza um recorte e constrói uma narrativa em torno dos documentos eleitos para compor uma atividade expositiva. A difusão é também vista como uma atividade de elaboração de conteúdo.

[01:56:00]: Questões ao palestrante

[01:57:00]: Palestra de Ana van Meegen Silva (coordenadora de Serviços de Dados de Pesquisa no Arquivo da Cidade de Amsterdam e do projeto Livre Acesso à Informação), “A Lei da Livre Informação: implementação em Amsterdam”. Apresentação da Lei do governo aberto, publicada em 2018, e o papel do Arquivo Municipal e da Prefeitura de Amsterdam. Tem-se como prerrogativas a transparência do governo, transparência passiva (requerimento de informação por parte do cidadão) e ativa (publicação espontânea da informação), participação comunitária no controle do funcionamento do Estado. A princípio 11 categorias de informação são publicadas ativamente, a exemplo relatórios, orçamentos, pautas e minutas de reuniões, dentre outros. A implementação de tal Lei do governo encontra-se em processo em Amsterdam e vem sendo aplicada considerando alguns pilares: processos de criação, gestão e publicação; sistemas automatizados; pessoas envolvidas; e gestão das políticas de acesso. Alguns impactos são sentidos como atenção à formalidade da produção de mensagens eletrônicas, anonimização de dados pessoais para se evitar a ocorrência de sigilos da informação. O Arquivo Municipal de Amsterdam tem papel importante na implementação da lei, e alguns desafios são sentidos. Ainda se considera o nível da complexidade da informação produzida e difundida pela prefeitura, a qual nem todos possuem entendimento. Para além da difusão de documentos em sua versão final, tem-se o entendimento de que o cidadão quer participar do processo de elaboração das políticas que geram tais documentos.

[2:22:00]: Questões ao palestrante e discussões finais.

 

Moderador:

Charlley Luz

Charlley Luz

Mestre em Ciência da Informação (ECA-USP) e Especialista em Sistemas e Serviços de Informação (FESPSP). É empreendedor, consultor, professor e palestrante, desenvolve projetos em gestão documental, portais corporativos, experiência do usuário (UX Research), além de planejamento e arquitetura de informação de ambientes e repositórios digitais.  Junto à ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) ministra a disciplina de Usabilidade (UX) no curso de Pós-graduação em Comunicação e Marketing Digital e  Arquitetura da Informação no curso de Big Data e Inteligência de Mercado. Coordenador do curso de pós-graduação Gestão Arquivística de Dados e Informação na Sociologia e Política Escola de Humanidades de São Paulo.

Oradores:

Júlio Manuel Rafael António

Júlio Manuel Rafael António

Consultor de Sistema de Informação

Mestre em Ciências da Documentação e Informação (UL), MBA com especialização em Gestão da Informação (UCP) e Licenciatura em Engenharia Informática (UNL). Consultor de Sistema de Informação, Docente convidado do Mestrado em Ciências da Documentação e Informação e Formador em Informática Documenta e Aplicações de código aberto. É consultor de projetos de arquivos, bibliotecas e museus na Administração Pública, Ensino Superior e Autarquias Locais entre outros: PORBASE, TTONLINE, Património Digital Açores, SCML, JUSTIÇA e CGTP-IN.

Daniel Flores

Daniel Flores

Docente do Curso de Arquivologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense

Doutor em Ciência da Informação (UFRJ). Docente do Curso de Arquivologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFF, Líder do Grupo CNPq UFF Ged/A – Documentos Digitais: Gestão, Curadoria Digital, Preservação, Acesso e Transparência Ativa em Cadeia de Custódia Digital Arquivística (CCDA), membro do Grupo de Especialistas da Rede Iberoamericana de Ensino Universitário em Arquivologia – GERIBEAU e do Grupo de Trabalho sobre Gerenciamento e Conservação de Documentos Eletrônicos – GTGPDE/ALA.
Luís Corujo

Luís Corujo

Professor Auxiliar no Mestrado em Ciências da Documentação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Doutor em Ciência da Informação (Universidade de Coimbra) com tese sobre avaliação de informação de arquivo eletrónica, Mestre em Ciências da Documentação e Informação – Ramo de Arquivística (Universidade de Lisboa), com Especialização em Ciências Documentais – Variante de Arquivo (Universidade Portucalense), e Licenciado em História – Ramo Educacional (Universidade do Porto). É Professor Auxiliar no Mestrado em Ciências da Documentação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Investigador no Centro de Estudos Clássicos (Universidade de Lisboa) e no Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX – CEIS20 (Universidade de Coimbra). É também membro da ISKO (International Society for Knowledge Organization) – Capítulo Ibérico.
Ana van Meegen

Ana van Meegen

Coordenadora de Serviços de Dados de Pesquisa no Arquivo da Cidade de Amsterdam

Especialista em Acessibilidade Sustentável nos Arquivos da Cidade de Amsterdam (University Library, Vrije Universiteit of Amsterdam). Coordenadora de Serviços de Dados de Pesquisa no Arquivo da Cidade de Amsterdam e do projeto Livre Acesso à Informação, por meio da publicação de documentos em plataformas municipais e federais. Durante cinco anos atuou no Arquivo Municipal de Amsterdam como coordenadora do repositório de arquivos digitais. Nessa função, prestou assessoria a órgãos municipais para a extração, transformação, conversão e enriquecimento de metadados e documentos digitais.
Cristal da Rocha

Cristal da Rocha

Atua no Acervo do Jornal O Estado de São Paulo

Doutoranda em História Política e Bens Culturais pela FGV/RJ, Mestre em História Social pela USP/SP e bacharel em Arquivologia pela UFRGS/RS, atua no Acervo do jornal O Estado de São Paulo como arquivista. É responsável pela coleção de negativos fotográficos, além de produzir textos e conteúdos cujo enfoque são as fotografias históricas do Acervo.
Simone Silva Fernandes

Simone Silva Fernandes

Content editor

Professora/ Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo

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